quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

A Louca e a Farpa

E você já não pode imaginar os limites das palavras de minhas esquinas. Elas pertencem à respiração de meu corpo estranho numa combinação de ventos disparados e ruídos de goles de vinho em teus ouvidos cheios de mundos e anseios. Tampouco, poderia eu adivinhar a tinta de teus desenhos, ali mora um limite, como se fosse teu país de rotas e frutas perdidas.
Não preciso de voz ou ouvidos para entender teu grito. E é com teu jeito que meu corpo tomba, travando em teus olhos um mosaico de vontades atentas.
Então, te aceno um poema de palavras soltas para cada uma entrar por dentro de teus pêlos, invadindo braços, pernas e nuca, como se assim, eu pudesse furtar o desejo de escorrer a essência de teu perfume.
Tola, recorto em teu corpo a sensibilidade desta ternura e carrego minha forma de dizer as coisas até saber que nome isso tem. Talvez, você tenha permitido a veracidade desta passagem que agora, sussurra teu nome calmamente. Uma gestação de certezas que deslizam minhas coxas em tua alma. Um eco em meus cílios para teu milagre de luz e som.
Às vezes penso, que daqui a diante seremos a louca e a farpa sangrando até o final com um sorriso para calar o espaço inútil dos que não conhecem nossos braços entrelaçados.
Em volta, as pessoas são pálidas, cobrindo de ignorância a felicidade e nós, deslocamos a perplexidade das repercussões que nos lançam.
Insanamente, esta é nossa realidade. E eu já não sei abrir mão desse desejo e gostar intenso, ainda que ninguém nos escute, bastando que saibamos que cresce como um grito por dentro dos corredores, caindo por cima de todas as carnes, desnudando o mundo que costura nossa pele.
Tudo se cala porque nosso carinho completa a voz.

Um comentário:

  1. Oi! Uma amiga minha achou seu blog e me mandou. Gostei muito do jeito que você escreve, sério! Parabéns!

    Beijos, Monique
    http://cartapapelde.blogspot.com

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