domingo, 27 de setembro de 2009

O Timbre

Os lábios agora quase disseram. Nem ódio ou mágoa, apenas um grande vazio nos corredores. E a imaginação tão real perseguia seu cheiro na tentativa de dispersar saudades.Os dias explodindo em cada fresta torturando em protesto a latente vontade de desistir.A fé devia estar escondida em algum canto do quarto. Percebia uma inevitável volta, insatisfeita e faminta.Entre nós, cada um em uma parte de existência da qual não se compreende. E assim mesmo, o que mais fazia falta era sentir o corpo estremecido com a vibração de sua voz.Teu timbre era uma aula. Entranhado em cada poro meu.A garganta queimando enquanto vivo em muitos lugares na tentativa de parar o que não termina por dentro. Descobrindo que não há verdade além do estraçalhado aqui e lá.E o fantasma ainda sussurrando em delírio no corredor. A voz distante marcada avulsa. Projetando uma simplicidade que dói. Nossas conversas entrecortadas e mais uma vez desconhecidas.Ao longo da noite, extremos que estranhamente me recordo. E se você não compreendesse o que escrevo, esconderia sob os lençóis o desejo pintado por todo o corpo. E então saberia.Se fosse pra exprimir a verdade maior de dentro do peito, veria que todos estão tão perdidos quanto nós.Estou humana, mastigo nossas sementes para que a lembrança permaneça.

Um comentário:

  1. "Estou humana, mastigo nossas sementes para que a lembrança permaneça."

    Quando se tem um dom assim como este teu, as lembranças acabam eternizadas. Esta é a maior vantagem de ser um poeta.

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